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Segunda, 13 de abril de 2009, 12h08
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Taxas de Juros no Brasil são 10 vezes maiores

O sistema bancário brasileiro continua tirando vantagem contra a boa-fé do consumidor seja ele pessoa física ou jurídica. Quando, na década de 90, o governo permitiu a privatização de bancos oficiais e a entrada de empresas estrangeiras no setor, o objetivo era incentivar a concorrência e reduzir as abusivas taxas então cobradas. Isso não aconteceu. Estudos do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) comprovam que os bancos multinacionais praticam taxas de juros 10 vezes mais elevadas no Brasil do que em seus países de origem. Esse método distorcido apenas confirma o que afirma há tempos o empresário Roque Pellizzaro Junior, presidente da CNDL, em relação à urgente necessidade de aprovação do Cadastro Positivo pelo Congresso Nacional.
 
“Causou polêmica quando me pronunciei dizendo que o Cadastro Positivo sofria resistências dos grandes bancos - que não querem a concorrência - e dos cartórios, que vão perder receita. Mas a prova está aí, evidenciada por órgãos técnicos respeitáveis. Confirmo, portanto, que os bancos temem a concorrência, em especial do varejo, na concessão de crédito ao consumidor, pois isso forçará a redução do spread (diferença entre a taxa que o banco capta e a que ele repassa ao cliente), pelo simples fato de que quanto mais gente oferece crédito e com mais segurança, mais o custo do dinheiro cai. É uma conta simples, direta e objetiva”, destaca Pellizzaro.
 
Os exemplos dos excessos podem ser constatados na tabela abaixo. Os clientes do HSBC, no Reino Unido, pagam 6,60% de juros ao ano em empréstimos pessoais. Mas os brasileiros correntistas pagam taxas de 63,42% na mesma modalidade de crédito. O Citibank também pratica juros bem menores no empréstimo pessoal nos EUA, 7,28%, do que no Brasil, 60,84% ao ano.
 

Instituição
País
Juro real anual
HSBC
Reino Unido
6,60%
Brasil
63,42%
Santander
Espanha
10,81%
Brasil
55,74%
Citibank
EUA
7,28%
Brasil
60,84%
Banco do Brasil
Brasil
25,05%
Itaú
Brasil
63,25%
Fontes: OCDE e BCB

  
 
 
Esses problemas se agravam quando se verifica que os bancos multinacionais ao chegaram aqui fecharam agências e concentraram suas atuações apenas nos grandes centros, o que eliminou a concorrência. Segundo o estudo do Ipea, entre 1990 e 2007, foram fechadas 1.688 agências bancárias no país. O número reduziu de 19.996, para 18.308 agências.
Tudo isso, ao mesmo tempo, também alimentou a tendência de aumento dos juros. O IPEA atribui as taxas elevadas no Brasil a fatores como concentração bancária (baixa concorrência entre bancos), altos níveis de tributação sobre operações financeiras e a inadimplência.
“De que tipo de inadimplência estamos falando? Justamente desta que desaprovamos. A que não leva em conta se trata-se ou não de uma pessoa que tem hábito de pagar a prazo e tem histórico de bom pagador. Neste caso específico, naturalmente, os prazos ficam mais longos e as taxas mais curtas, porque é expurgado o risco do mau pagador. E isso é uma realidade para qualquer banco, estrangeiro ou brasileiro”, explica Pellizzaro.
 
 
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