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Quinta, 14 de janeiro de 2010, 09h58
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Atenção a consórcio para exportação


Desde 1997 vimos batendo na tecla da criação de consórcios, em diversos setores. E sustentando que esta é uma das duas maneiras práticas de se inserir as pequenas e médias empresas no comércio exterior. A outra é através de Trading Company, sendo desnecessário se comentar a respeito, já que sua atuação é bastante conhecida. É de conhecimento geral que as pequenas empresas, em vários países, principalmente dentre os mais desenvolvidos, representam parcela considerável do comércio exterior. E sabemos que no Brasil elas representam pouco. Segundo avaliações de nossos experts elas perfazem cerca de 3% em valor. A quantidade total de exportadores gira ao redor de 17 mil, num universo de mais de 5 milhões de empresas. Outro dado infeliz é que apenas umas 200 empresas representam cerca de 70% de nosso comércio exterior.
 
Não se pode crescer no comércio internacional mantendo esses números. O resultado é o nosso constrangedor volume de exportações, de cerca de 10% do PIB, representando irrisórios cerca de 1% do comércio mundial, que nos acompanha já há muitos anos. Principalmente que já representamos 2,37% em 1950.
 
Para nós que participamos do consórcio da criação da exportação de frangos congelados em meados da década de 70, é uma tristeza ver que outros produtos não conseguem ter o mesmo destino, iniciando a sua exportação ou incrementando-a. E sem poder ter o sucesso que o nosso teve, partindo de nenhuma exportação para os atuais 3,3 milhões de toneladas de penosas, com quase US$ 5 bilhões. Em 2008, 3,3 milhões de t e quase US$ 6 bilhões.
 
Já que não funcionaram os que foram tentados, seria útil voltar ao passado e resgatar um pouco da nossa história. De modo a reduzir a herança maldita de um país sem memória. E de forma a nos tornarmos, algum dia, um player de peso no mercado internacional.
 
E como ele deve funcionar? A nós parece indispensável, como participante do mais bem sucedido, a União dos Exportadores de Frango (Unef), obediência aos requisitos:
 
1) a primeira coisa é que não poderá ser de infinitas empresas, mas de um número máximo de 10 a 15 empresas e, obviamente, de desenvolvimento mais ou menos homogêneo.
 
2) deve ser democrático, ou seja, deve prevalecer a vontade de todas.
 
3) a participação acionária deve ser igualitária entre as empresas, independente do tamanho e participação de cada uma.
 
4) a participação, quanto à parcela do produto a ser exportado, deverá ser de acordo com a capacidade de produção de cada uma. Esta parcela deve ser definida em reunião antecipada, de preferência para um futuro de médio prazo como alguns meses, para orientar as vendas futuras.
 
5) O esforço exportador e de união do consórcio deve ser contínuo, e não deve ser dirigido ao sabor do mercado, ora externo ora interno, dependendo das condições de preço oferecidas. Conquistar um cliente é muito difícil e que reconquistá-lo é quase impossível.
 
6) A rivalidade deve ficar restrita ao mercado interno. A união no campo externo deve ser total e as empresas devem agir, dentro do consórcio, como hermanitos, e nunca queimarem-se na perigosa fogueira das vaidades.
 
7) A produção deve ser, de preferência, uniforme, e é bom que se tenha marca única. Embora os exportadores sejam os próprios produtores, sendo o consórcio um escritório central de vendas, é como se o fabricante fosse único.
 
Era assim que funcionava a mãe dos consórcios, a Unef. E é por isso que ela deu certo. E o Brasil é hoje o maior exportador mundial de frangos, com 45% do mercado planetário.
 
A Unef não existe mais, foi extinta em 1985, após cumprida sua missão histórica. Ninguém que exporta milhões ou bilhões de dólares, como nossos dois principais exportadores, precisa de um escritório central de vendas. Mas o exemplo ficou, e se deu certo com um produto certamente daria com outros.
 
É preciso registrar que o consórcio não deve ser encarado como a salvação da lavoura, ou da granja. Em virtude dos pontos colocados acima, existe sempre a possibilidade do consórcio não ser bem sucedido se não for bem administrado.
 
Os consórcios de exportação devem voltar para ajudar o Brasil a melhorar o comércio exterior.
 
*Editorial DCI
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