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Sexta, 05 de fevereiro de 2010, 08h54
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Rua dos Espetos: atividade cresce em Cuiabá


Em menos de 800 metros da avenida Agrícola Paes de Barros, no bairro Verdão, em Cuiabá, é possível encontrar nada menos do que 11 estabelecimentos especializados na venda do popular espetinho. A exemplo da "rua das óticas" e "rua dos bancos", a recente "rua dos espetinhos" é a prova da nova fase de crescimento comercial da cidade, que cada vez mais passa da informalidade para o trabalho legalizado e mais: gerando emprego e renda.

 

Quando começou a vender os famosos espetinhos no local, há 7 anos, a família de Camila Fernandes, 22, proprietária do Rodrigues Grill Restaurante, não imaginava que seria um dos 3 primeiros a inaugurar a moda do prato na região. Servindo os clientes em uma espécie de lava-jato e contando apenas com 5 pessoas para tocar o negócio na época, hoje a família de Camila emprega 30 funcionários, comprou o terreno ao lado e passou a ser reconhecido como restaurante: funciona no horário de almoço, entrega marmitas sob encomenda, sem deixar de servir a especialidade da casa, que é também a preferência dos clientes: o espetinho.

 

No local, TVs de LCD são responsáveis pela animação do ambiente, que tem espaço ainda dedicado às crianças. "Já compramos o terreno do outro lado e vamos abrir uma churrascaria, além de contratar mais 10 funcionários para fornecer marmitas para as pessoas que vão trabalhar nas obras da Copa". Ela conta que pretende passar das atuais 150 quentinhas para a entrega de 300 a 400 marmitas até o mês de março.

 

A Copa do Mundo de 2014, aliás, é o assunto que não sai da boca dos empresários, funcionários e clientes que frequentam a Agrícola Paes de Barros, rua que dá acesso ao estádio Verdão e ao ginásio Aecim Tocantins. "Quando comprei o terreno aqui, meus amigos me chamavam de louco: como eu ia investir em um local só porque era a região em que nasci e cresci?" A afirmação do empresário Carlos Pael, 42, proprietário do Restaurante Avenida, parece hoje bem sensata diante da realidade de 4 anos atrás. Ele estima um crescimento de 50% na prestação de serviços e planeja construir um piso superior no restaurante. "Empregamos hoje 48 funcionários, mas creio que devemos ter pelo menos uns 60 até a Copa."

 

O estabelecimento de Pael é um exemplo da força que a cultura do espetinho adquiriu na região. "Não servíamos esse tipo de prato aqui. Somos uma marca de restaurante consolidada há 19 anos, mas recentemente incluímos por conta dos pedidos da clientela." Até o momento, somente na cozinha industrial, Pael já investiu cerca de R$ 100 mil. Mas isso já faz parte do passado. A caldeira capaz de cozinhar até 90 quilos de arroz, o forno combinado no valor de R$ 45 mil e as duas fritadeiras elétricas que custaram R$ 10 mil deverão ser transferidas para um outro terreno. "Vamos mudar a cozinha industrial para especializar somente na entrega de marmitas", afirma Nardete Aparecida Pael, esposa de Carlos. Foi entregando para os colegas bancários as comidas que ela fazia que o empresário começou no ramo de alimentação.

 

Para quem duvida do poder do espetinho, a prova é o Amarelinho, o segundo dos 3 estabelecimentos que começaram o movimento na região. O Toninho, o primeiro deles, vendeu a propriedade recentemente. Nove anos depois do primeiro tijolo, eles contam com 18 funcionários, onde antes só cabiam 3. "Acredito que a própria concorrência fez com que os restaurantes fossem melhorando, procurando crescer, se especializar, seguir normas de higiene. Hoje não existe mais nenhum do tipo carrinho de rua", afirma Luzia Melo dos Santos, 25, que herdou o negócio da família.

 

Mesmo com uma estrutura montada, as casas de espetinho da avenida Agrícola Paes de Barros possuem preços para todos os tipos de clientes. "Aqui tem lugar para todo tipo de bolso". O estabelecimento de seu Idílio Maciel é exemplo disso. Com empregados essencialmente familiares, ele garante que o seu espetinho é um dos mais baratos. "E mais gostoso também". O prato no valor de R$ 9, acompanhado de arroz, vinagrete e farofa, chega a vender até 60 unidades em uma noite.

 

Clientela - A enfermeira Stephanie Brito, 26, anda mais de 20 km, quase toda a semana, para comer na "rua dos espetinhos". Frequentadora fiel da região, ela conta que percebeu o "boom" na avenida do bairro há cerca de 3 anos. "Hoje em dia não me importo em pagar um pouco mais pelo serviço estando em um ambiente limpo e confortável". Já a comerciante Denise Magalhães, 39, moradora do bairro Jardim Mariana, tem familiares próximos à Agrícola Paes de Barros, mas afirma que esse fator não é preponderante na escolha. "Venho porque gosto dos serviços oferecidos aqui. São muitas opções de espetinhos."

 

E foi pensando em agradar a clientela cada vez mais crescente que a vendedora Mariana Carvalho, 26, resolveu arregaçar as mangas e investir no próprio negócio. Ela adquiriu a casa onde funcionava o antigo Toninho e montou o Verdão Grill. Há apenas 2 meses no local, ela afirma que já compensou o investimento e planeja várias ampliações. Para isso, ela e o marido acumularam as funções de garçom, caixa e cozinha durante a noite, sem deixar seus respectivos empregos durante o dia.

 

"Vim comer pizza aqui em frente e observei que as pessoas vêm em busca de refeição, com as famílias. Esse é o perfil do público." Morando no local com a família, Mariana aposta no ambiente familiar e no tom mais caseiro para se destacar entre os demais. "Agora estou lançando uma nova moda que já está pegando: estamos servindo peixes também."

 

Foi "lançando a moda do prato à la carte" que o chefe de cozinha do restaurante Avenida, Edson Baieli da Silva, conquistou seu espaço no mercado. Disputado pelos restaurantes, ele cria combinações que incluem até mesmo frutos do mar, sua especialidade. "Comecei lavando panela, como ajudante de cozinha." Para quem está há 9 anos no ramo, ele não tem dúvidas: a profissionalização é o caminho certo. "Ainda tem espaço para muita gente começar a trabalhar."

 

Fonte: Jornal A Gazeta

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