Mesmo com a volta da cobrança da totalidade do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para carros “verdes”, programado para abril deste ano, o setor de automóveis espera crescimento de até 10% nas vendas. Segundo Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos Automotores), o bônus é inclusive dispensável no atual cenário econômico.

“Essas situações [desconto do IPI] têm que ser reservadas para momentos necessários”, comentou. Com o desconto, carros flex 1.0 tiveram sua alíquota reduzida de 5% para 3%; e os flex entre 1.0 e 2.0 tiveram a taxa abatida em 3,5 pontos percentuais, de 11% para 7,5%.

“Os pressupostos pelos quais foi feita a redução do IPI já se esgotaram”, declarou Reze. Implantado para durar, a princípio, de dezembro de 2008 a março de 2009, o desconto visava estimular o consumo. Pressionado pela indústria, o governo prorrogou duas vezes a data limite, esticando o benefício por mais seis meses, com a contrapartida de não haver demissões por parte da indústria.

A medida surtiu o efeito desejado e ajudou o Brasil a sair da crise financeira. “A redução do IPI evitou o desemprego no setor e fez o Brasil ser um dos três países, junto de Índia e China, que mantiveram nível de vendas”, explicou Otávio Leite, presidente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo).

As vendas também aumentaram no período. No começo deste ano, foram emplacados 692.228 veículos, número 8,24% superior aos 639.523 registrados no mesmo período do ano passado, quando a iniciativa ainda não tinha engatado, segundo dados da Fenabrave. Somente em fevereiro deste ano, 349.433 veículos foram negociados, contra 342.795 de 2009.

E mesmo com o fim do bônus, as vendas não vão desacelerar, garante Reze. Os responsáveis é o bom desempenho da economia, cuja estimativa de crescimento para 2010 é de 5,58%, e as boas condições de crédito, que facilitam o financiamento de veículos e estimulam o consumidor a continuar comprando.

O presidente do Sincodiv concorda com a previsão e acredita que as vendas continuarão aquecidas e não serão afetadas pelo recuo nas concessões de crédito estimadas para o início de abril por pesquisas do Serasa. O Indicador de Perspectiva de Crédito ao Consumidor fechou em 102,5 pontos, acima dos cem pontos, indicando um cenário otimista, mas o resultado foi 0,9% inferior à última medição. Foi a quarta queda seguida, o que, para os especialistas, pode significar que as condições favoráveis de crédito acabem ainda neste semestre.

Para o mês de março, a Fenabrave espera vendas superiores a fevereiro, pois o fim da redução do IPI levará servirá como um chamariz de consumidores ávidos para aproveitar a oportunidade e garantir seu modelo. E a boa notícia para os incrédulos é que, mesmo em abril, carros com desconto poderão ser encontrados, segundo previsão da Sincodiv.

Vendas no restante do ano

As montadoras, com ajuda das concessionárias, farão promoções para que o mercado se mantenha firme mesmo após o fim benefício. Elas podem não ser aplicadas ao preço do veículo, mas provavelmente devem se dar de outras formas, como, por exemplo, a inclusão de algum item opcional ou um financiamento diferenciado. Com isso, as vendas de abril não ficaram tão aquém do período de vigência do desconto. E estas promoções dependerão ainda do nível de estoque.

O mês, pelo menos os dez primeiros dias, ainda contabilizará as aquisições de veículos feitas em março, mas com faturamento (aprovação de ficha para financiamento) em abril. Outra aposta do sindicato é que não haja repasse da totalidade do imposto imediatamente. Segundo Otávio Leite, os reajustes serão divididos entre os meses seguintes. 

Nos meses seguintes, a previsão é que as vendas caiam naturalmente, visto que, em ano de Copa de Mundo, o consumidor costuma mudar o foco para aparelhos de televisão.

Fonte: Band notícias

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