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Segunda, 01 de fevereiro de 2010, 10h08
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Reservas contra calote aumentam


O aumento no risco e na inadimplência das operações de crédito gerado pela crise econômica levou os bancos em 2009 a aumentarem em 50% suas reservas para cobrir eventuais perdas com calote de clientes. Segundo dados do Banco Central (BC), as chamadas "provisões" encerraram o ano passado com um volume de R$ 97,6 bilhões, o equivalente a 6,9% do total de crédito fornecido pelas instituições financeiras públicas e privadas. Em 2008, as reservas eram de R$ 65,2 bilhões e correspondiam a 5,3% do total de crédito concedido.

De acordo com analistas, as dificuldades enfrentadas por muitas empresas ao longo do ano, especialmente as industriais e exportadoras, o aumento do desemprego no primeiro semestre e o impacto negativo na renda - fatores diretamente provocados pela crise - elevaram significativamente a chance de os clientes não honrarem seus compromissos com os bancos. E o volume de calotes, efetivamente, teve forte alta - mais de 60% de 2008 para 2009.

"A economia não estava favorável à qualidade creditícia", observa o analista de bancos da Austin Rating, Luís Miguel Santacreu. Essa situação forçou os bancos a separarem recursos para cobrir o risco de perdas, o que na prática diminuiu a lucratividade das instituições e também reduziu a capacidade de fazer empréstimos. Uma medida adotada pelo BC ao fim de 2008 também criou um incentivo para os bancos aumentarem suas reservas anticalote em 2009.

A iniciativa, de caráter prudencial, permitiu que as instituições financeiras fizessem provisões adicionais ao que normalmente seria necessário para os créditos concedidos a pessoas e empresas sem que isso alterasse sua capacidade de financiar clientes. Com isso, as instituições buscaram ampliar suas reservas, mas não perderam tanta musculatura para ofertar crédito. "O BC induziu os bancos a ampliarem o excesso de provisionamento, porque o risco era muito grande. Foi um incentivo a se provisionar mais", avalia o economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, lembrando que esse mecanismo acabará em abril deste ano, o que deve levar a uma relativa "desmontagem" do excesso de provisionamento.

Na comparação entre bancos públicos e privados, o ritmo de alta das provisões foi bem maior no segundo grupo. As instituições financeiras privadas elevaram suas reservas contra perdas em 65,2%, para R$ 46,6 bilhões, e acima do ritmo da inadimplência dos seus créditos. Enquanto isso, os bancos públicos aumentaram as provisões em 39,8%, para R$ 32,5 bilhões e abaixo do ritmo de alta no seu índice de calotes. Para Luis Miguel Santacreu, esse comportamento se deveu ao fato de que os bancos públicos avançaram muito em créditos para pessoa física com boas garantias - como consignado e de veículos -, enquanto as instituições privadas, que têm um relacionamento mais estreito com as empresas, ficaram expostas a um risco maior e tiveram que reforçar seu provisionamento.

Para 2010, com o cenário de recuperação econômica e o fim do incentivo do BC ao provisionamento extra, a tendência é de que o crescimento dessas reservas seja mais comedido. Segundo João Augusto Salles, normalmente as provisões crescem em um ritmo próximo ao do estoque de crédito, que ele estima que subirá 20% este ano. Mas ele pondera que os bancos podem usar as reservas extras e transformá-las em provisões normais ao longo do ano, à medida que a carteira de crédito dessas instituições for crescendo.

Fonte: AE Brasília

 

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