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Segunda, 18 de abril de 2011, 15h27
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A hipocrisia está armada *Por João Batista Rosa

             A possibilidade de novo plebiscito com a proposta “Desarmamento” é, no mínimo, hipocrisia  forçada pela tragédia ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira em Realengo, na Zona Oeste do Riode Janeiro, na qual o jovem Wellington Menezes de Oliveira atirou em diversos alunos e suicidou em seguida. 

            A idéia do plebiscito é equivocada, tendo em conta que já o fizemos no ano de 2005, quando foi decidido - pela população - que não deveria haver proibição ao comércio de armas. Naquela oportunidade a sociedade respondeu, com clareza, que não aceitava a proibição ao comércio, mas em nenhum momento a sociedade deu sinais de que abdicaria do controle dessas armas, pelos órgãos de governo.

Apesar do jovem homicida ter sofrido, cotidianamente, o que se conhece como bullying, e daí ter vindo a desenvolver distúrbios psicológicos graves, nada justifica a brutalidade de seus atos. Mas, ao pensar da maneira simplista, como temos visto na imprensa, seria também necessário a realização de um plebiscito sobre a proibição de fabricação de dinamite, uma vez que tem se tornado rotina o uso da mesma por bandidos, nos assaltos a bancos eletrônicos. Se houvesse controle, efetivo e rigoroso sobre as armas e munições – principalmente nas de bandidos – provavelmente essa tragédia teria sido evitada.

            Desta forma entendo ser uma hipocrisia tratarmos do alto índice de violência urbana a partir de um único caso, bem como desprezar informações importantes, como o fato de que o crime organizado não se submete às leis - óbvio! - e não compra suas armas e munições em lojas especializadas, mas as obtém, em absurda quantidade e modernidade tecnológica, em canais que jamais uma lei de desarmamento extinguirá.

            É também hipocrisia ignorar que precisamos, urgentemente, de um envolvimento da sociedade (educadores, ONGs, gestores públicos e famílias), com os freqüentes casos de bullying, em que nossas crianças e adolescentes podem ser os agentes - agredindo ou sendo agredidos.

            Será que não é, também, hipocrisia falar em proibição ao comércio de armas – ou seja, desarmar a sociedade honesta - e ignoramos que a violência urbana requer mesmo mais ação dos gestores públicos, promovendo mais parceria com escolas, com ONGs e com a sociedade organizada, desenvolvendo novas formas de atuação, que envolvam desde a educação até o policiamento ostensivo; desde o cerco ao crime organizado e ao tráfico de armas e de drogas, até o processo judicial com leis mais pesadas para os bandidos?

            E, por fim, não há por que não dizermos que a hipocrisia está mesmo armada, quando há tantos outros assuntos igualmente importantes a serem tratados, já que a falta de segurança pública é primeiramente uma questão de gestão de investimentos, e que estão tendo a devida atenção desviada para um plebiscito sem sentido.

João Batista Rosa é vice-presidente da CDL Cuiabá

 

 

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