Salário Mínimo - aumento divide opiniões no setor de Comércio
A discussão sobre o provável aumento do salário mínimo para R$ 540,00 em 2011 dá margem para outras preocupações em determinados setores. O valor, que não chega a ser proporcional ao Índice Nacional de Preço ao Consumidor (INPC – atualmente 6,47%), pode sobrecarregar a folha de pagamento das pequenas e microempresas, caso o governo não desonere impostos, dizem alguns comerciantes. Outros acreditam que o aumentar o poder de compra do consumidor beneficia a economia.
“O salário mínimo, para quem o recebe, nunca foi suficiente para realmente cobrir as despesas de uma família”, afirma a empresária do ramo de Confecções, Maria Cândida Silva Camargo. Segundo ela, o aumento do salário não trará poder de compra real para o consumidor porque ele passa a pagar mais pelos produtos, automaticamente. “Mas este aumento traz um impacto significativo na folha de pagamento dos pequenos e microempresários, pois pagamos impostos sobre impostos, e com o aumento do mínimo, várias outras tarifas e valores de produtos e serviços sobem”, completa.
Em contrapartida, o empresário do ramo de Informática, João Bosco Linhares Nunes, acredita que esse aumento seria significativo para os trabalhadores. “Acho positivo este aumento, pois R$ 30,00 a mais significa aumento do poder aquisitivo do trabalhador. Temos que ir avançando no sentido de recuperar o poder de compra do trabalhador”.
Para o presidente da CDL Cuiabá, Paulo Gasparoto o ideal é que o salário mínimo estivesse acima ou equiparado ao INPC, visando ao aumento da renda do trabalhador para atender às suas necessidades básicas. Mas, o problema seria o rombo nas contas públicas e da Previdência. No contexto do Setor Público, lembrando que um município de porte pequeno tem cerca de 200 empregados, a base salarial é geralmente no Mínimo. Portanto, o aumento traria dificuldades de suportar esta folha salarial e isto poderia ocasionar mais aumento de impostos para pagar estas despesas”.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon/MT), Edisantos Amorim, explica que o valor pensado até o momento, abaixo do INPC, trará prejuízos ao consumidor, porque os impostos são, automaticamente, repassados a ele na hora da compra. “Os comerciantes têm a opção, e eles geralmente o fazem, de acompanhar o índice do INPC no preço dos produtos. Se o consumidor tiver um aumento 0,59% menor do que essa taxa, como se fala, ele vai sair perdendo, com certeza”. Para acompanhar o índice, o novo salário deveria ser de R$ 543,00.
Para Edisantos, o comércio não deverá ter prejuízos com esse ajuste, porque é muito baixo. Mas alertou que o comerciante pode economizar mais se tiver cuidado na hora de comprar os produtos que vende. ”Uma alternativa seria comprar mais à vista”.
Salário ideal - O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese) aponta que o valor necessário do salário mínimo, para que atendesse as necessidades vitais básicas de uma família, de acordo com os preceitos constitucionais, deveria ser, em dezembro de 2010, R$ 2.227,53.
Edisantos afirma que seria excelente para o comércio que os consumidores tivessem renda equivalente a indicada pelo Dieese para gastar, mas segundo ele, um aumento nessa proporção causaria um efeito cascata e quebraria não só as pequenas e micro empresas, mas arruinaria o poder público. “O grande erro foi o governo não ter aumentado o salário sempre de acordo com índices como o INPC. Nossa renda não gira melhor porque ficamos abaixo desses índices em vários momentos de reajuste”.
“O país ganha com o aumento do salário mínimo. Serão injetados 26 bilhões a mais na economia, se o valor for mesmo de R$ 540,00. Dependendo do ponto de vista, se houve algum prejuízo, será muito pequeno. Sobe também o abono salarial no mesmo valor do mínimo, e sobe o valor do seguro de desemprego sendo o valor médio já com aumento de R$ 632,40 que somados a economia injeta mais R$ 24, 349 bilhões a partir do mês de março”, conclui o economista.
(Luana Soutos/Honéia Vaz)
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